sábado, 29 de junho de 2013

Projeto de pesquisa - Dislexia

INTRODUÇÃO
O projeto de pesquisa aqui apresentado tem por finalidade fazer uma investigação da ação pedagógica do professor que está atuando com alunos portadores de dislexia. Sabemos que esse aluno para aprender vai necessitar de um atendimento diferenciado dentro da turma, esse atendimento vai exigir do professor uma postura de pesquisador, mediador e promotor da igualdade dentro da sala de aula.
A metodologia utilizada para essa pesquisa será estudo de caso e a pesquisa qualitativa bibliográfica, tendo como foco a ação pedagógica do professor no sentido de promover a aprendizagem do aluno portador de dislexia.
Esse estudo será realizado mediante observações da prática pedagógica de professoras em três escolas do Litoral Norte, os dados coletados serão confrontados com dados da pesquisa qualitativa bibliográfica, com as respostas do questionário sob a análise do grupo.
TEMA: DISLEXIA

Problematização: O papel do professor na identificação da dislexia em sala de aula.

OBJETIVOS

Objetivo geral: Estudar o papel do professor na identificação da dislexia.

Objetivos específicos:
Pesquisar sobre o que é dislexia.
Verificar como os professores identificam a dislexia em sala da aula.
Conhecer as causas e as conseqüências da dislexia para a aprendizagem.
Verificar a ação do professor como mediador na construção da aprendizagem do aluno disléxico.

Hipótese: O planejamento do professor pode auxiliar na aprendizagem do aluno disléxico.


METODOLOGIA
A metodologia utilizada para o levantamento de dados será a pesquisa qualitativa bibliográfica, tendo com foco principal a ação pedagógica do professor no sentido de auxiliar a construção da aprendizagem do aluno disléxico.
Utilizaremos também a modalidade estudo de caso, de maneira que faremos um estudo mais aprofundado da ação pedagógica de três professoras no Litoral Norte, através de observações e análise das respostas do questionário. O estudo de caso nos possibilitará a investigação detalhada o que nos trará elementos a serem confrontados em nosso estudo, de acordo com Yin apud Gil (2010) pontua que o estude caso é a metodologia mais adequada para a investigação de um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto real.
Neste trabalho, os instrumentos metodológicos, entrevistas, observação, registro das práticas e falas dos professores, terão o papel de fornecer dados de como a metodologia usada em sala de aula poderá auxiliar ao aluno disléxico na construção de sua aprendizagem. Os dados para essa pesquisa serão obtidos através de observações realizadas pelas pesquisadoras e por questionários respondidos pelas professoras participantes. As respostas serão analisadas pelo grupo e serão confrontadas com apontamentos teóricos e com base nas observações.
 A observação terá papel importante na presente pesquisa, de modo que irá desenhando seu rumo ou acrescentando novos fatores.
O foco e o design do estudo não podem ser definidos a priori, pois a realidade é múltipla, socialmente construída em uma dada situação e, portanto, não se pode apreender seu significado se, de modo arbitrário e precoce, a aprisionarmos em dimensões e categorias. O foco e o design devem, então, emergir, por um processo de indução, do conhecimento do contexto e das múltiplas realidades construídas pelos participantes em suas influências recíprocas. (LINCOLN & GUBA, 1985)

Entendemos que tratamos de pesquisa qualitativa, Ciências Humanas, que nosso foco é o ser humano, nesse processo compreendemos que cada ser é singular, “nos estudos qualitativos, a coleta sistemática de dados deve ser precedida por uma imersão do pesquisador no contexto a ser estudado” (Mazzoti, Gewandsznajder 2001 P. 148), nesse sentido, nosso trabalho, considera as peculiaridades de cada um, assim o norteamos.

 DISLEXIA E SEUS CONCEITOS
Dislexia é um problema que se detecta em crianças que sofrem dificuldades de leitura. É uma específica dificuldade de aprendizado da linguagem: em leitura, soletração, escrita em linguagem expressiva ou receptiva, em razão e cálculo matemático, como na linguagem corporal e social. Não tem como causa falta de interesse, de motivação, de esforço ou de vontade, como nada tem haver com acuidade visual ou auditiva como causa primária.
Na sua etimologia, a palavra "dislexia" é constituída pelos radicais "dis", que significa dificuldade ou distúrbio, e "lexia", que significa leitura no latim e linguagem no grego, ou seja, o termo dislexia refere-se a dificuldades na leitura ou a dificuldades na linguagem, no entanto, a ideia de que se refere a um distúrbio na leitura parece ser aquela que é mais consensual (Lerner 2003).
Dislexia, antes de qualquer definição, é um jeito de ser e de aprender; reflete a expressão individual de uma mente, muitas vezes arguta e até genial, mas que aprende de maneira diferente.

É importante ressaltar que existe uma combinação dos fenômenos biológicos e ambientais no aprendizado da linguagem escrita, envolvendo a integridade motora, a integridade sensório-perceptual e a integridade socioemocional (possibilidades reais que o meio oferece em termos de quantidade, qualidade e freqüência de estímulos). Além disso, o domínio da linguagem e a capacidade de simbolização também são princípios importantes no desenvolvimento do aprendizado da leitura e da escrita. (SCHIRMER et al, 2004)

É importante dizer que a dislexia tem base neurológica, existindo uma incidência expressiva do fator genético em suas causas transmitido por um gene de uma pequena ramificação do cromossomo 6 que, por ser dominante, torna a dislexia altamente hereditária, justificando que se repita nas mesmas famílias.
Conforme Martins (2001), “as dificuldades de leitura são problemas de consciência fonológica das crianças, na educação infantil e no processo de alfabetização escolar”.  O Projeto Genoma Humano, tem feito grandes descobertas e não se tem dúvidas que os componentes genéticos estão envolvidos com os transtornos da leitura e escrita.

 SINAIS E CARACTERÍSTICAS DA DISLEXIA

O sistema educacional é deficiente, há falta de recursos na maioria das escolas, as turmas são lotadas e o professor muitas vezes não consegue dar o atendimento individual que um aluno necessita, tornando-se assim, muito difícil de detectar a dislexia em um aluno.
Crianças disléxicas tendem a confundir letras com grande freqüência, entretanto, esse indicativo não é totalmente confiável, pois muitas crianças, inclusive não disléxicas confundem as letras do alfabeto. No jardim, de infância crianças com dislexia demonstram dificuldades ao rimar palavras e reconhecer letras e fonemas. Na primeira, série elas na conseguem ler palavras curtas e simples, tem dificuldade em identificar fonemas e reclamam que ler palavras é muito difícil. Da segunda a quinta série, essas crianças tem dificuldade em soletrar, ler em voz alta e memorizar palavras e as confundem. Esses são apenas alguns dos muitos sinais que identificam que uma criança sofre de dislexia. Segundo a pesquisa realizada por Salgado, Lima e Ciasca

As principais características observadas na Dislexia são: alterações na velocidade de nomeação de material verbal e memória fonológica de trabalho, dificuldades em provas de consciência fonológica (rima, segmentação e transposição fonêmicas), nível de leitura abaixo do esperado para idade e nível de escolaridade, escrita com trocas fonológicas e ortográficas, bom desempenho em raciocínio aritmético, nível intelectual na média ou acima da média, déficits neuropsicológicos em funções perceptuais, memória, atenção sustentada visual (problemas na seleção e recrutamento de recursos cognitivos necessários para o processamento da informação visual) e funções executivas (planejamento, memória operacional, capacidade de mudança de estratégias cognitivas, auto percepção de erros). (LIMA et al, 2008)

Essas dificuldades podem levar as crianças a apresentar problemas emocionais como depressão e ansiedade, desenvolver transtornos psicológicos, apresenta baixa autoestima, uma vez que comparam seu rendimento com os colegas, perdendo a motivação para os estudos.

 COMO AUXILIAR O ALUNO COM DISLEXIA

Nunca é tarde demais para ensinar um disléxico a ler e processar informações com mais eficiência. Utilizando métodos adequados e com muito carinho, a dislexia pode ser vencida.
Pais e professores devem esforçar-se para identificar a possibilidade de seus filhos ou alunos serem portadores desse distúrbio e procurar entender a forma como eles aprendem, já que a dislexia precisa de um tratamento adequado e não existe um que seja comum a todas as pessoas.
Contudo, a maioria dos tratamentos enfatiza a assimilação dos fonemas, o desenvolvimento do vocabulário, a melhoria da compreensão e fluência da leitura, é aconselhável que a criança leia em voz alta com um adulto para corrigi-la, repetidas vezes. Nesse sentido, Tavares pontua que:

Quanto ao método aplicado para o trabalho com disléxicos, entende-se que deva ser apropriado e possuir as melhores estratégias para inserir os educandos na sala de aula “normal”, juntamente com outras crianças, com um professor que compreenda seus problemas e que organize suas aulas de forma a poder prestar ajuda extra, dentro da sala de aula, sempre que eles precisarem. (TAVARES, 2008 p. 21)

O professor precisa pensar suas estratégias de maneira que o aluno disléxico sinta-se parte da turma e em condições de avançar na sua aprendizagem, para isso o professor necessita de um bom embasamento teórico e conhecimento profundo das teorias de aprendizagem. Ainda citando Tavares
O professor deve ler as atividades da criança de tal maneira que ele não subestime a sua habilidade. Respostas orais são as melhores indicações de sua habilidade do que o trabalho escrito. A avaliação deve ser feita de acordo com o seu conhecimento e não com suas dificuldades e seus erros ortográficos. (TAVARES, 2008, p 22).

Dessa forma a ação pedagógica do professor sera determinante para a construção da aprendizagem desse aluno, compreender as especificidades de cada aluno, avaliá-lo de acordo com seus avanços e considerar aquilo que ele está conseguindo alcançar.
O professor deverá criar situações de aprendizagem específicas para esse aluno em questão, se o aluno não consegue compreender a palavra no todo, será necessário que seja apresentada a palavra aos poucos ou até mesmo letra por letra. Outras estratégias podem ser: atividades orais, jogos, desenhos e todas aceitas para avaliação. (TAVARES, 2008, p 31)
É muito importante que os alunos sejam incentivados com mensagens positivas, pelas conquistas de seus aprendizados, cada passo precisa ser comemorado. Aos poucos os alunos vão criando estratégias para avançar em sua aprendizagem, conforme vão sentindo-se mais confiantes.

Algumas estratégias para auxiliar o aluno com dislexia segundo Lima et al (2008)

- A criança deve sentar-se próxima a professora para facilitar as orientações;
- Não deve dizer que a criança é lenta ou que não é inteligente
- Quando ainda apresenta muitas dificuldades, deve-se evitar a solicitação para que leia em voz alta diante dos colegas;
- Respeitar o seu ritmo de aprendizagem;
- Os assuntos trabalhados devem ser revistos constantemente;
- Considerar mais suas respostas orais do às escritas;
- Evitar dar regras de escrita na mesma semana;
- Na medida do possível, pedir que a criança repita com suas próprias palavras as instruções das atividades;
- Incentivar que conte histórias ou relate o que foi assistido ou lido;
- Organizar os conteúdos trabalhados em esquemas visuais;
- Incentivar sua autoconfiança e mostrar as habilidades que possui;
-Trabalhar atividades de consciência fonológica em sala de aula, independente do conteúdo.
Entendemos que se trata de um trabalho difícil com um longo caminho, trabalho esse que exige conhecimento, amor e dedicação. O aluno com dislexia poderá avançar na construção de seu aprendizado, contudo sob a orientação de um professor comprometido com sua prática pedagógica e com entendimento sobre a dislexia.

CONCLUSÃO
Ao término desse estudo concluímos que o aluno com dislexia deve ter um tratamento diferenciado, já que é possível mediante a postura tomada pelo professor que ele avance em sua aprendizagem. Foi possível conhecer um pouco desse tema e perceber o quanto o aluno precisa dedicar-se para se fazer compreender, e é nesse sentido que o professor precisa de um olhar sensível e de pesquisador para conhecer as peculiaridades de seus alunos e buscar embasamento para auxiliá-los com qualidade.
Nosso estudo em pesquisas foi extremamente importante para a constituição desse trabalho, nos deu apoio para escolher quais seriam as metodologias mais apropriadas para desenvolvê-lo, foi essencial conhecê-las inicialmente.
Acreditamos ter embasamento para dar continuidade a esse trabalho e desenvolver a pesquisa na íntegra, o que traria enorme contribuição para nossa formação e também para nossa prática docente.

REFERÊNCIAS

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2010
LERNER, J. W. (2003). Learning Disabilities: Theories, Diagnosis, and Teaching Strategies. Boston: Houghton Mifflin Company. Morais, J. (1997). A Arte de Ler – Psicologia Cognitiva da Leitura. Lisboa: Edições Cosmos. In CRUZ, Vítor, No cérebro de um disléxico, disponível em http://joaopereira05.blogspot.com/2007/09/no-cerebro-de-um-dislexico.html acessado em 25 de maio de 2011.
LIMA, R. F.; SALGADO. C. A; CIASCA, S. M Atualidades na dislexia do desenvolvimento, disponível em http://portalcienciaevida.uol.com.br/esps/edicoes/38 acessado em 29 de maio de 2011.
MARTINS, Vicente. Dislexia e o projeto genoma humano. Pedagogia em Foco. Fortaleza, 2001, disponível em: http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/spdslx05.html acesso em 29 de maio de 2011.
MAZZOTI, A.J.; GEWANDSZNADJER, F. O Método nas ciências naturais e sociais: pesquisa quantitativa e qualitativa, São Paulo, Pioneira Thomsom Learning, 2001.
SCHIRMER, Carolina R; FONTOURA, Denise R; NUNES, Magda L. Distúrbios da aquisição da linguagem e da aprendizagem. Jornal da pediatria, vol. 80, nº 2, 2004, disponível em http://www.scielo.br, acessado em 22 de maio de 2011.
TAVARES, H. V. Apoio pedagógico às crianças com necessidades educacionais especiais, São Paulo, 2008, disponível em http://www.crda.com.br/tccdoc/43.pdf  acessado e 29 de maio de 2011.


4 comentários:

  1. preciso de ajuda estou me auto diagnosticando com dislexia, tenho 45 anos sou professora. Vou deixar meu email se possível entrar em contato comigo, por favor jo.ml@Hotmail.com

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  2. Boa tarde. Parabenizo a riqueza do projecto supracitado. Peço ajuda na elaboção do meu, pois, estou tendo muitas dificuldades. Meu contacto cossajoaomz@gmail.com.

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  3. Projeto Maravilhoso. Está mim ajudando muito na construção do meu TCC sobre dislexia no ambiente escolar.

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